quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Povo da Fúria - Cap 7. Seq. 1

Capítulo 7

Os Portões de Mulptan

                Erguendo seu machado com poderoso e musculoso braço acima da cabeça, Etrinny Esmaga Cabeça, gritou salvas para seu deus, Grummsh, o pai todo poderoso da raça orc.
                Instantaneamente milhares de outras vozes do enorme exército orc ergueram-se para juntarem-se a de seu líder. Eles bradaram com fúria e iniciaram cânticos de guerra. Assim que os tambores tribais dos Omonis, os bardos orcs se calassem seria hora de atacar.
                Etrinny sentia seu sangue ferver, ele conseguira reunir cinco tribos brutais: os esmaga cabeça, os fedor de medo, os limpa cadáveres, os grandões e os filhos da pedra, todos sob seu comando.
                Era mais do que hora de seu povo recuperar suas terras roubadas pelos detestáveis humanos. Porcos imundos sem honra que roubavam e matavam as crianças orcs, aliados de elfos e amigos dos miseráveis anões. Nada enfurecia mais o enorme guerreiro do que a simples visão de um humano. Os guerreiros que eles iriam enfrentar, especialmente os furiosos: eram conhecidos por seu fervor nas batalhas, mas não era de braços fortes que os orcs tinham medo. As bruxas de Rashmen sempre lutaram junto de seus guerreiros e juntos eram um inimigo terrível.
                Os poucos shamans orcs nunca foram páreos para as bruxas, e com isso o povo de Etrinny teve que se contentar com as montanhas Icerim. Vivendo sob condições terríveis nesse duro habitat, tendo que combater gigantes, remorazhes, e vermes do gelo os orcs das Montanhas Icerim tinham se tornado guerreiros tão cruéis quanto o clima imutável destas montanhas, que eram hoje seu lar.
                Acostumados e conformados com seu destino eles continuariam assim por centenas de anos, em suas terras congeladas, mas o ressurgimento de seu grande líder, vindo diretamente dos mortos e trazendo consigo o imenso machado do rei orc, Sity, uma arma descomunal criada com o propósito de exterminar anões e perdida há muitos séculos, os orcs se reuniram novamente. Liderados por Etrinny Esmaga Cabeça, o orc que fora morto por um enorme yeti no inverno passado, ressurgiu a três luas atrás e reuniu as forças orcs mais expressivas sob seu comando.
                A simples presença do rei morto já seria o suficiente para incitar uma moral tão grande nos orcs que seria impossível para um exército de gigantes não sofrer grandes baixas ao enfrenta-los. Apenas o conceito de ressurreição dentre os orcs já era mais do que eles esperariam para se incitar motivação a raça. Aliado então a posse da poderosa arma mágica que surgiu de tempos imemoriais nas mãos de um rei outrora morto, mas agora ressurgido e reforjado, fez dos orcs de Icerim, verdadeiras criaturas sedentas pela guerra.
                Todos se encontravam numa fúria sinistra, gritavam e apontavam suas armas para o sul em direção as terras de Rashmen prometendo morte, fazendo juras de destruição.
                Pois como se não bastasse seu rei e sua poderosa arma, os orcs também não temiam mais as bruxas, pois elas agora estavam do seu lado.
                Etrinny após longos momentos bradando, baixou seu braço e admirou seu exército. Desceu da enorme rocha em forma de pedestal e atravessou o número dos seus enquanto a música dos Omonis continuava forte. Hoje haveria canto a noite toda, e quando os raios do sol chegassem a beirada da montanha eles marchariam rumo as terras humanas. Atravessando as longas fileiras de orcs ele se dirigiu para sua tenda armada com pele de yetis, onde acima dançava com o vento o banner com o desenho de um punho esmagando uma cabeça, seu símbolo. Alegre ele afastou as camadas de tecido sujos que eram a porta de sua enorme tenda e adentrou até sentar-se em seu trono feito de madeira maciça ornamentado com cabeças de yetis em cada extremidade delas.
                O orc enorme sentou-se e acariciou as caveiras pensativamente.
                - Minha primeira ação quando voltei dos mortos foi acabar com esses macacos brancos que ousaram me matar. Mas agora acho que já posso aumentar meus enfeites. Quero cabeças de bárbaros. Quero rashemis enfeitando minha tenda. – ele falava em voz alta consigo mesmo, até o momento em que seus olhos captaram o movimento na tenda, ele silenciou-se. Segurando o machado ele levantou-se e deu dois passos na direção das visitas. Ele olhava-as com ódio. Então subitamente ergueu seu enorme machado e tentou acertar um golpe no visitante, mas antes de conseguir desferir o ataque foi tomado por dores violentas. Ele se contorceu de dor e se afastou rosnando. O olhar nobre do orc foi substituído por ódio.
                - Toda vez você tenta a mesma coisa, toda vez eu me delicio mais com sua estupidez, orc. – a voz da mulher soou como se milhares de adagas atormentassem seu corpo – Você foi ressucitado apenas para nos servir, cão. Nada mais. Sua arma lhe foi dada para que você conseguisse respeito dos seus, e acreditamos que acertamos. – A mulher se dirigiu até a porta e abriu a tenda. Do lado de fora a comemoração orc era um evento digno de ser visto, embora fosse aterrador.
                Um guarda orc viu a máscara da bruxa e fez um sinal de subvertência.
                Ela fechou as portas da tenda.
                - Amanha quando lançar seu ataque contra a primeira cidade rashemar que encontrar orc, minhas irmãs reforçarão suas fileiras. Espero que não me decepcione, eu gastei uma grande energia para traze-lo de volta a vida.
                O rei havia se recomposto, ele observou com seus olhos em fúria a mulher, metade do seu tamanho se pocisionando a sua frente. Ele a odiava por ter lher trazido de volta a vida, ele a odiava por ela ser uma humana, ele a odiava por ela ser uma bruxa de Rashmen, ele a odiava por não conseguir mata-la.
                A mulher se afastou da tenda e de lugares onde o rei-orc acreditava estarem vazios, pelo menos outras oito mulheres saíram e seguiram sua líder. Elas podiam ficar completamente fora da visão. Isso perturbou os pensamentos do rei orc imensamente. Olhando para os lados e tremendo como uma criança, ele sacou o machado e caminhou para fora da tenda. Em seus pensamentos Etrinny acreditou que estaria mais seguro e menos vigiado longe daquele lugar.
                Se o rei-orc pudesse ter visto as outras quatro mulheres saindo das sombras de seu aposento, assim que ele saíra, ele teria certeza de que sua decisão de estar do lado de fora junto com seus guerreiros era a mais sensata.

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